Após o fiasco no Catar, os «diabos» têm na Alemanha a chance de reconquistar o estatuto de grande seleção.
A Bélgica terminou os anos de 2018, 2019, 2020 e 2021 no topo do ranking da FIFA. Antes da Copa do Mundo que começaria em novembro de 2022 no Catar, os diabos vermelhos estavam em segundo nesse mesmo ranking mas já eram vistos como uma seleção em decadência.
Essa impressão se confirmou com a eliminação ainda na fase de grupos daquele torneio, o qual representou o fim da era Roberto Martínez no comando técnico. O sucessor do espanhol é o ítalo-alemão Domenico Tedesco, cujos resultados têm sido até melhores que o esperado.
A equipe não perdeu em 2023 e terminou em primeiro lugar no grupo F das Eliminatórias da Eurocopa. Tão importante quanto isso foi ver que Tedesco tem conseguido promover a tão esperada renovação no plantel dos belgas sem abrir mão de seus veteranos mais gabaritados.
Os dias que se foram
Em 7 de dezembro do ano passado, seis dias após a eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo, Eden Hazard anunciou via Instagram sua aposentadoria da seleção. O então meia/atacante do Real Madrid (que em outubro anunciou a aposentadoria do futebol) tinha 31 anos.
No seguinte mês de março despediram-se o goleiro Simon Mignolet, aos 35 anos, e o zagueiro Toby Alderweireld, aos 34; em maio foi a vez do zagueiro/volante Axel Witsel, também aos 34. E o ponta Dries Mertens, hoje com 36 anos, dificilmente voltará a ser convocado.
A (não tão) velha guarda
Os quatro principais remanescentes daquela Bélgica que alcançou as semifinais de Rússia 2018 são o goleiro Thibaut Courtois (Real Madrid), o meio-campista Kevin De Bruyne (Manchester City), o ala/ponta Yannick Carrasco (Al-Shabab) e o centroavante Romelu Lukaku (Roma).
Courtois, hoje com 31 anos, lesionou-se em agosto e disse há menos de duas semanas que, «se tiver sorte», talvez volte em maio. Considerando que o Campeonato Europeu é já no mês de junho, pareceu-lhe prudente antecipar que não estará a serviço dos belgas para a disputa do torneio.
De Bruyne, de 32 anos, também se lesionou em agosto. Seu retorno ocorrerá em janeiro, o que a princípio lhe dará cinco meses para chegar à Alemanha com ritmo de jogo. Seja como for, o principal jogador dos Cityzens seguirá sendo o principal nome dos diabos vermelhos.
Carrasco, de 30 anos, começou a temporada como o titular da ala esquerda no Atlético de Madrid. Foi em setembro que se tornou mais um entre tantos a trocar uma liga europeia pela Liga Saudita. Isso não prejudicou o seu estatuto na seleção, onde joga como meia ou atacante.
Lukaku, de 30 anos, terminou como o artilheiro das Eliminatórias do Campeonato Europeu: quatorze gols. Desses tentos destacamos os da vitória por 3 x 0 sobre a Suécia (em Solna), o do 1 x 1 com a Áustria (em Bruxelas) e o terceiro do 3 x 2 sobre a Áustria (em Viena).
A jovem guarda
Em relação aos mais jovens, comecemos com Jérémy Doku. Em agosto este ponta de 21 anos trocou o Rennes pelo Manchester City, onde já conseguiu dez titularidades. Sua mais notável exibição foi no 6 x 1 sobre o Bournemouth, quando marcou um gol e deu quatro assistências.
Aos 20 anos, o ponta Johan Bakayoko é um dos titulares no PSV de Peter Bosz. Os boeren ostentam 100% de aproveitamento na Eredivisie e estão nas oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA. Bakayoko contabiliza quatro gols e treze assistências em 27 partidas nesta temporada.
Quem já passou de promessa a realidade é Arthur Theate, do Rennes. Sua equipe não faz uma boa Ligue 1 (está em décimo lugar), mas este zagueiro de 23 anos é cobiçado por equipes de maior porte. Na janela de transferências passada falou-se em uma possível ida para o Leipzig.
Se Theate for para os touros vermelhos, terá como companheiro de clube um companheiro de seleção. Falamos do centroavante Loïs Openda, de 23 anos, que na Ligue 1 passada marcou 21 gols a serviço do Lens. Nesta Bundesliga, Openda marcou onze vezes em dezesseis partidas.
Além dos quatro nomes citados, vale estar atento aos meio-campistas Roméo Lavia (Chelsea), de 19 anos, e Arthur Vermeeren (Royal Antwerp), de 18. Há também o zagueiro Jorne Spileers (Club Brugge), de 18 anos, que ainda aguarda sua primeira chamada para a seleção principal.
Equilibrando a balança
Se os diabos vermelhos chegaram ao Mundial de 2022 como uma seleção que precisava se renovar, chegarão ao Europeu de 2024 com a mistura ideal de experiência e juventude. Os veteranos ainda têm muito a oferecer, e alguns jovens já mostraram que vieram para ficar.
Nas cotações de «Vencedor Final» a Bélgica (15,00) encontra-se atrás de França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Portugal. O estatuto de sexta força do torneio parece apropriado para uma equipe em transição mas que, ainda assim, pode eliminar qualquer candidato ao título.
A cotação aqui apresentada está sujeita a flutuações.