Sem relação direta com o clube que jogou a decisão de 1990, time acabou com hiato de onze anos e devolveu a alegria ao seu torcedor.
O Brasil vivia a ressaca de uma Copa do Mundo frustrante em 1990 quando um sopro de ar fresco veio do interior de São Paulo. Surpreendendo os grandes clubes do estado, Bragantino e Novorizontino se classificaram para a que ficou conhecida como a "final caipira". Mal imaginava o torcedor que naquelas duas partidas em agosto estavam jogadores que seriam titulares da Seleção no tetra, quatro anos depois. O campeão Bragantino contava com o volante Mauro Silva, enquanto o clube de Novo Horizonte tinha na zaga Márcio Santos. Ao final de uma disputa emocionante, com dois empates e prorrogação, a taça ficou com o Braga pela melhor campanha no geral.
Aquele Novorizontino, porém, não tem relação com o que joga neste fim de semana com o São Paulo pelas quartas-de-final do Paulistão. Ao menos não como instituição, já que o legado sobreviveu nas cores amarelo e preta e na paixão do torcedor que viveu um difícil período de hiato.
O time vice-campeão paulista em 1990 coroou o percurso do Grêmio Esportivo Novorizontino, que havia chegado à primeira divisão em 1986. Até um título nacional foi conquistado, a Série C do Brasileirão de 1994. Mas tão rápida quanto a subida foi a queda. O empresário Jorge Ismael De Biasi, que havia sido determinante na fundação do clube, teve de se afastar por doença, e os anos seguintes foram marcados por uma crise financeira que levou ao encerramento das atividades em 1999, com a desfiliação da Federação Paulista de Futebol. De Biasi ainda dá nome ao estádio da cidade, mais conhecido como "Jorjão".
A iniciativa de antigos ídolos do Tigre do Vale foi determinante para que o futebol profissional voltasse a Novo Horizonte, em 2010. Desta vez com o Grêmio Novorizontino, "uma nova associação para preencher a lacuna deixada" pelo antigo clube, como explica seu site oficial.
A meta era não apenas voltar a figurar no mais alto escalão do estado, mas também garantir calendário nacional. Desde que disputou a Série D, em 2018, o caminho tem sido sempre para o alto, chegando à B com dois acessos consecutivos em 2020 e 2021.
O rebaixamento no Paulistão em 2022 foi um percalço rapidamente corrigido com o retorno em 2023, dando a oportunidade para o maior resultado do clube em sua atual versão: a classificação para as semifinais vencendo nos pênaltis o São Paulo, adversário que reencontra neste fim de semana pelas quartas-de-final. O maior sonho, além de retornar a uma decisão do Paulista, é alcançar a Série A do Brasileiro, feito que escapou ano passado após ficar boa parte da temporada entre os quatro primeiros.