Enquanto esperamos por junho, revemos algumas das histórias mais marcantes da competição continental, como o triunfo da Dinamarca em 1992 depois de não ter se classificado.
Foi um verão inacreditável para o futebol dinamarquês, quando sua seleção triunfou contra as probabilidades e venceu o torneio continental.
Contra as odds porque, na verdade, o time não tinha se classificado e seus jogadores estavam pensando no que fazer nesse período de férias “forçadas” quando cada um deles recebeu um telefonema inesperado.
Afinal, a Dinamarca iria disputar a Eurocopa, e o resto é história...
A Dinamarca foi sorteada ao lado da Áustria, Ilhas Faroe, Irlanda do Norte e Iugoslávia no grupo de classificação, sendo que apenas o vencedore garantia vaga na fase final, na Suécia.
Depois de vencer as Ilhas Faroe em casa no jogo de abertura, a equipe de Richard Moller Neilsen empatou por 1 a 1 com a Irlanda do Norte, perdendo depois por 2 a 0 para a Iugoslávia em Copenhague.
Seguiram-se cinco vitórias consecutivas nos jogos restantes das eliminatórias, incluindo uma impressionante vitória por 2 a 1 em Belgrado, mas não era o suficiente, pois a Iugoslávia venceu sete das oito partidas que disputou, para ficar com o primeiro lugar do grupo.
Porém, apenas 10 dias antes do torneio, o time vencedor foi expulso do torneio devido a sanções das Nações Unidas e à guerra nos Bálcãs.
Assim, a Dinamarca, que tinha terminado em segundo lugar no grupo, tomou o lugar da Iugoslávia.
Não foi a preparação ideal para a equipe, mas considerando que eles nem deveria estar lá, não pode haver queixas.
O torneio de oito equipes envolvia dois grupos de quatro, com os dois primeiros de cada grupo avançando para as semifinais.
Os dinamarqueses tinham como companhia a França, a anfitriã Suécia e a Inglaterra.
A Dinamarca teve um bom desempenho em seu jogo de estreia, com mais e melhores oportunidades do que a Inglaterra, mas a partida terminou com um empate sem gols. Depois os nórdicos caíram frente à vizinha Suécia, o que fez com que fossem para o jogo contra a França precisando vencer para ter uma chance de chegar às semifinais.
A França parecia estar se encaminhando para as semifinais quando Jean-Pierre Papin anulou a vantagem do gol de Henrik Larsen aos quatro minutos.
Mas Lars Elstrup recolocou a Dinamarca na frente a 12 minutos do fim, o que, juntamente com a derrota da Inglaterra para a Suécia, foi suficiente para os dinamarqueses avançarem e enfrentarem os campeões e título - Holanda.
Em uma semifinal muito animada, o placar marcava 2 a 2 no final do tempo regulamentar, e após a prorrogação sem alterações, a decisão foi para os pênaltis.
Marco van Basten, o herói do sucesso da Holanda na Eurocopa anterior, viu seu pênalti ser defendido por Peter Schmeichel, e como a Dinamarca converteu todos os seus cinco pênaltis, chegou mesmo à final.
O percurso de não se classificar para estar a um jogo de vencer o campeonato continental foi milagroso, e a Alemanha, então campeã mundial, era o último obstáculo.
Em Gotemburgo, a Dinamarca queria concretizar o sonho de vencer um torneio em que não deveria nem estar, mas os alemães eram claros favoritos para levantar o troféu.
Os germânicos entraram com tudo, obrigando Schmeichel a defender chutes ao gol de Stefan Reuter e Gudio Buchwald e forçando a Dinamarca para a defesa.
No entanto, e contra a corrente do jogo, aos 18 minutos, Flemming Povlsen assistiu John Jensen, que balançou as redes de Bodo Illgner, abrindo assim vantagem para a seleção dinamarquesa, com seu segundo gol em 48 partidas pelo time.
A Alemanha continuou a dominar o jogo, mas tinha pela frente um goleiro de classe mundial e em ótima forma, com Schmeichel negando gols a Jurgen Klinsmann e a Riedle.
A pressão ofensiva era tal que parecia inevitável que a Alemanha empatasse, mas os alemães não conseguiam encontrar uma forma de furar o goleiro dinamarquês e pagaram caro por isso, quando aos 78 minutos, Kim Vilfort marcou o segundo da partida e garantiu a Dinamarca como campeã da Europa.
Foi um final de conto de fadas para os torcedores dinamarqueses e, até hoje, continua sendo uma das histórias mais incríveis do futebol internacional.