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Já seria o Catar um grande da AFC?

Embora tenham conquistado a Copa Asiática pela segunda vez seguida, os «grenás» ainda têm o que provar.

Assim como se debate quais clubes são ou não grandes no contexto de um país, debate-se quais seleções são ou não grandes no contexto de um continente. No caso da Ásia, o Catar é aquela cujo estatuto parece menos claro.

A formação do G5 asiático

Em 1.º de janeiro de 2006, a Austrália trocou a OFC (Oceania Football Confederation) pela AFC (Asian Football Confederation). Nas décadas seguintes estabeleceu-se um G5 formado por Arábia Saudita, Austrália, Coreia do Sul, Irã e Japão.

Essas são as seleções da AFC que mais participaram da Copa do Mundo, e quatro delas estão entre as maiores vencedoras da Copa Asiática. (Os Socceroos só começaram a participar do torneio em 2007, e até aqui o conquistaram uma vez.)

Primeiros passos do Catar

Antes de dizer sobre como o Catar se encaixa nesse contexto, precisamos lembrar que estamos falando de uma nação jovem. Sua unificação se deu em 1878, e entre 1916 e 1971 o país foi um protetorado do Reino Unido.

O torneio qualificatório para a Copa Asiática de 1976 foi o primeiro de que o Catar participou; logo, seria compreensível se os grenás levassem alguns anos para se tornarem uma das seleções mais respeitadas da AFC.

Ocorreu, no entanto, que os cataris foram eliminados ainda na fase de grupos da Copa Asiática em 1980, 1984, 1988 e 1992 (suas quatro primeiras participações no torneio) e nem mesmo se classificaram para a edição de 1996.

Recorrendo a estrangeiros

Na Copa Asiática de 2000, a seleção comandada pelo bósnio Dzemal Hadziabdic conseguiu pela primeira vez passar da fase de grupos após empatar com Uzbequistão (1 x 1), Arábia Saudita (0 x 0) e Japão (1 x 1). Sua participação no torneio chegou ao fim nas quartas de final, com derrota por 3 x 1 para a China.

Foi por essa época que se intensificaram os esforços da QFA (Qatar Football Association) para reforçar a seleção por meio da naturalização de atletas. Inicialmente, esses homens vinham de outros países de maioria muçulmana (como o zagueiro senegalês Abdulla Koni e o atacante mauritano Sayed Ali Bechir).

Em 2006 estreou pelos cataris o atacante uruguaio Sebastián Soria (até hoje um dos dez maiores artilheiros da seleção). Dois anos depois três brasileiros conseguiram a naturalização, inclusive o atacante Emerson Sheik (que não pôde seguir carreira pelos grenás porque já havia atuado pela canarinho sub-20).

Para fazer bonito em casa

Chegamos a dezembro de 2010, quando o país ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022. Àquela altura, 27 futebolistas nascidos em outros países já haviam vestido a camisa do Catar pelo menos uma vez; era lógico que a prática de naturalizar atletas continuaria (como se vê com o lateral/zagueiro português Ró-Ró e o atacante sudanês Almoez Ali.)

Aparentemente, a partir dali a QFA tinha como projeto repetir o sucesso do Japão. Em 1996, quando foram anunciados como os anfitriões da Copa do Mundo de 2002 (junto da Coreia do Sul), os samurais azuis jamais haviam participado do principal torneio da FIFA; mas já em 1998 eles fizeram a sua estreia, e desde então classificaram-se a todos os Mundiais de Seleções.

Mas o que se poderia esperar do Catar quando chegássemos a 2022? Por um lado, na terceira fase das Eliminatórias para o Mundial de 2018 a equipe terminou em último lugar em seu grupo; por outro, na Copa Asiática de 2019 (disputada nos Emirados Árabes), os grenás do espanhol Félix Sánchez foram os campeões –e com 100% de aproveitamento—.

Decepção e ressurgimento

Devido à sua condição de país-sede, o Catar foi o cabeça de chave do grupo A do mais recente Mundial de Seleções. Nesse grupo do qual também faziam parte a Holanda, o Senegal e o Equador os anfitriões terminaram com três derrotas. Assim chegou ao fim a era Félix Sánchez, que foi sucedido pelos portugueses Bruno Pinheiro (interinamente) e Carlos Queiroz.

A partir de janeiro deste ano, o país sediaria pela terceira vez a Copa Asiática. Cerca de um mês antes, a QFA demitiu Queiroz e anunciou como novo técnico o espanhol Tintín Márquez. Apesar dessa turbulência, o Catar tornou-se em fevereiro a primeira seleção desde o Japão, em 2004, a conquistar a Copa Asiática por duas vezes seguidas. Já seria possível falar em um G6 na AFC?

O que é grandeza?

Em sua análise da mais recente Copa Asiática para o site Arab News, o britânico John Duerden contrastou o desempenho dos grenás nessas duas conquistas ao afirmar que cinco anos atrás eles se mostraram muito mais consistentes e impositivos. Os números lhe dão razão: o Catar de 2019 marcou dezenove gols e sofreu apenas um; o deste ano marcou quatorze gols e sofreu cinco.

No entendimento do jornalista britânico, o grande mérito do Catar de Tintín Márquez foi a sua força mental —principalmente contra o Uzbequistão, nas quartas de final, e contra o Irã, na semifinal—. E, embora não tenha desconsiderado o fator casa (e nem poderia), Duerden conclui sua análise dizendo que a seleção do Catar juntou-se ao seleto grupo das potências asiáticas.

Parece-nos cedo para pôr os cataris no mesmo patamar de japoneses ou sauditas, porque grandeza se constrói com tradição. Se conseguirem manter um mínimo de consistência nesta década por meio de campanhas sólidas na Copa Asiática (antes de 2019 os grenás nunca haviam sido sequer semifinalistas) e nas Eliminatórias da Copa do Mundo, aí sim seu estatuto mudará.

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