Perdendo por 3 a 0 para o Milan no intervalo, o Liverpool realizou uma das mais surpreendentes viradas da história da UEFA Champions League, triunfando nos pênaltis na final de 2005.
O Estádio Olímpico Ataturk recebeu em maio de 2005 sua primeira final da UEFA Champions League, que ficou conhecida na história do futebol mundial como o Milagre de Istambul, após a incrível vitória de virada do Liverpool.
O Milan de Dida, Kaká e Cafu, entre outros astros, abriu vantagem de 3 a 0 ainda no primeiro tempo, mas permitiu o empate e deixou escapar o título europeu nos pênaltis.
Liverpool: Dudek; Finnan (Hamann, 46'), Carragher, Hyppia, Traore; Alonso, Garcia, Gerrard, Riise, Kewell (Smicer, 23'), Baros (Cisse, 85')
Milan: Dida; Cafu, Stam, Nesta, Maldini; Pirlo, Gattuso (Costa, 112'), Seedorf (Serginho, 86'), Kaká; Shevchenko, Crespo (Tomasson, 85')
Em maio de 2005, e o time de superestrelas do Milan estava sob a batuta de Carlo Ancelotti, enquanto no lado oposto, Rafa Benítez - em sua primeira temporada em Anfield - havia orquestrado uma surpreendente campanha até à final da UEFA Champions League.
Na capital turca, o time italiano justificou seu favoritismo ao abrir o placar logo no primeiro minuto, graças ao capitão Paolo Maldini, que já havia levantado o troféu da competição quatro vezes antes.
O Liverpool reagiu com vigor, buscando o código para desbloquear a sólida defesa do Milan, mas os Rossoneri se mantiveram firmes e aproveitaram o avanço dos Reds no gramado para alargar sua vantagem. Quando o intervalo se aproximava, Hernán Crespo finalizou um excelente contra-ataque e, minutos depois, o argentino voltou a marcar, aproveitando um passe sublime de Kaká e passando a bola por cima do goleiro Jerzy Dudek para o fundo das redes.
O Liverpool, que estava disputando sua primeira final na competição desde 1985, estava assim perdendo por 3 a 0 ao intervalo e Benítez não teve outra opção que não arriscar.
O técnico optou por mudar o esquema tático para 3-4-2-1, introduzindo o meio-campista Dietmar Hamann no lugar de Steve Finnan, para fazer parceria com Xabi Alonso no centro do terreno, permitindo que Steven Gerrard avançasse mais e atuasse atrás de Milan Baroš.
O impacto dessa alteração tática foi quase instantâneo. Apenas nove minutos após o reinício do jogo, o Liverpool reduziu o déficit graças ao capitão Gerrard, que recebeu o cruzamento de John Arne Riise e cabeceou para o canto oposto.
Aí começou a loucura para os torcedores do Liverpool e inferno para os do Milan.
De 23 metros de distância, Vladimír Šmicer encontrou uma brecha e deu um chute rasteiro para o canto oposto, que a mão direita estendida de Dida foi incapaz de travar.
Cinco minutos depois, o Liverpool restabeleceu a igualdade. Gerrard correu para a área e foi derrubado por Gennaro Gattuso. Alonso foi chamado a cobrar o pênalti e, depois de ter visto sua cobrança ser defendida por Dida, o espanhol não desperdiçou o rebote.
Em apenas sete minutos, o Liverpool conseguia o impensável e empatava a partida.
Pênaltis à espreita
Os dois times criaram outras oportunidades para vencer a partida, mas nenhum deles conseguiu alterar novamente o placar. Depois de 90 minutos emocionantes, seguiu-se uma prorrogação nervosa, sob a pressão crescente de uma possível decisão por pênaltis.
Aos 117 minutos, um cruzamento de Serginho do lado esquerdo encontrou Andriy Shevchenko sem marcação no centro do gol, e o atacante ucraniano mandou uma cabeçada à queima-roupa que Dudek - que estava à altura do gol – defendeu. O artilheiro ucraniano aproveitou imediatamente o rebote, mas o goleiro voltou a impedir a vantagem dos italianos.
Se havia um sinal de que a noite seria do Liverpool, foi esse mesmo, pois se seguiriam os pênaltis.
Serginho - que marcou o primeiro pênalti do Milan na conquista da UEFA Champions League de 2003 - foi o primeiro a se apresentar e, com Dudek o enervando ao imitar as famosas “pernas de espaguete” de Bruce Grobbelaar, o brasileiro chutou por cima do travessão.
Hamann foi o primeiro a marcar para o Liverpool e, apesar de ter um dedo do pé quebrado, converteu.
O Milan não podia se dar ao luxo de errar mais uma vez, mas Andrea Pirlo foi a próxima vítima, com Dudek parando seu chute.
Os rostos nervosos np lado do Liverpool logo se transformaram em expectativa quando Djibril Cissé marcou e, embora Jon Dahl Tomasson tenha reduzido o déficit após o pênalti perdido por Riise, o destino dos Reds ainda estava em suas próprias mãos depois que Smicer cobrou com sucesso seu pênalti em resposta a Kaká.
Todos os olhos estavam voltados para Shevchenko, que precisava marcar para manter o Milan na briga. Optando por ficar no meio, Dudek bloqueou o tímido chute com a mão esquerda, antes de sair correndo em meio à loucura dos Reds.
O Liverpool conquistou assim a Copa da Europa pela quinta vez, em uma noite que ficou apelidada de “O Milagre de Istambul” e será lembrada por muitas décadas como um dos momentos mais marcantes da história da UEFA Champions League.
Estatísticas de Liverpool x Milan 2005
| Liverpool | Milão |
Gols | 3 | 1 |
Chutes | 15 | 22 |
Chutes ao gol | 7 | 10 |
Posse de bola | 45% | 55% |
Escanteios | 4 | 10 |
Faltas | 23 | 16 |
Offsides | 5 | 7 |
Cartões amarelos | 2 | 0 |
Cartões vermelhos | 0 | 0 |